terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Uma A-Conclusão



Antes de tudo: não aceito concluir nada pois meu processo de aprendizagem sobre educação alimentar e sobre a ampla temática da educação não pode ser concluído. Sob o preço de eu estagnar o meu aprendizado no estado imaturo que ainda está.
Conclusão no sentido de finalização é claro.

Mas no sentido de "o que eu aprendi", ou melhor de que forma minha percepção sobre os temas abordados mudou e se tornou diferente do que seria se eu não tivesse vivido as coisas que vivi ligadas direta ou indiretamente a disciplina: daí eu tenho algumas considerações.

Primeiramente digo que por vários motivos a educação sempre me pareceu desafiadora. E estar na disciplina forçou-me a começar a quebrar as barreiras deste desafio para que ele se colocasse na dimensão concreta de ação. Isso não é fácil. Ao menos pra mim porque implica em uma relação, não depende só de mim o desenvolvimento positivo ou dentro das expectativas, que leve a objetivo idealizado. Não é como misturar dois reagente ou fazer uma conta matemática. Se lida com pessoas e cada dia me convenço da complexidade de tudo isso.

Segundo, algumas coisas que pareciam óbvia e implícitas num processo educativo para mim foram objeto de algumas análises racionais. Pensar os OBJETIVOS de uma intervenção parece muito óbvio, mas uma das coisas que me dei conta foi que ele deve ser pensado em todas as suas minúcias e com um cuidado de ser periodicamente revisado. Prova disso foi nos questionarmos mesmo sobre o que é alimentação saudável.Afinal, o que queremos passar,será que sabemos mesmo qual é o nosso objetivo? Será que sabemos o que queremos como educadores, será que queremos "ensinar" alimentação saudável? Se mesmo para nós os parâmetros mudam?

Terceiro posso dizer que aprendi, e nas últimas apresentações de trabalhos tive alguns reforços para teoria de que alimentação saudável pode não ser o objeto principal de ensino. Ela pode ser trabalhada paralelamente a outros conteúdos, que muitas vezes serão as demandas da nossa população, muito mais que falar sobre o alimento em si. O alimento pode ser trazido num lanche, numa conversa durante o trabalho que tem em si um tema que motive os educandos. E talvez isso venha de encontro a amenizar tantas frustrações quando não se percebe o interesse em falar sobre alimentação. Talvez realmente não exista interesse, mesmo que claramente exista a necessidade. Mas o assunto da alimentação pode ser discutido paralelamente a outros e por isso mais fácil de relacionar com a realidade de cada um.

Bom, fazendo a minha auto-avaliação, sobre a minha posição enquanto educanda. Acho que atingi as metas essenciais. Com certeza gostaria de ter dado mais de mim e aproveitado mais. Mas a semente dos questionamentos ficou, e se antes eu me enamorava distantemente do tema da educação, ela olhando de lá e eu de cá, agora posso dizer que já criei coragem de me aproximar dela, de ler sobre o assunto, de pesquisar. Deixar o platonismo de achar importante mas não procurar, para trocar mais que olhares e começar um romance de verdade.
Bom, questionamentos que ficaram foram todos, sinto que o papel da disciplina para mim foi principalmente quebrar barreiras. Sobre educação ainda não sei quase nada, mas a experiência prática me foi muito válida, muito mesmo, aprendo a cada novo encontro, a partir das minhas reflexões, das colocações dos jovens.
Faltam as sugestões. Eu não sei bem o que sugerir, mas acredito que deveríamos ter mais tempo. Isso porque o assunto é muito amplo e sua exploração é essencial. Isso porque enquanto nutricionistas, a não ser que o nosso paciente use sonda e esteja hospitalizado, basicamente teremos que nos utilizar de ferramentas educativas para que nosso plano alimentar seja cumprido. Tanto em nível de grupo, como foi a abordagem da maioria das colegas, em escolas ou outras instituições, quanto em nível ambulatorial ainda temos pouco espaço para trabalhar a questão da abordagem. Dessa forma, podemos nos formar com um ótimo nível técnico, mas limitadas quando temos de levar esse conhecimento para a prática.
Educação nutricional atendeu todas as minhas expectativas, dentro das possibilidades. O ideal seria mais tempo.
Acredito que as dinâmicas iniciais deveriam continuar também.
It's All Folks

2 comentários:

Adriana disse...

Olá! Gosto bastante da forma como refletes sobre as coisas... estás , entre outras coisas, aprimorando sua escrita... muito bem... finalizo aqui minha avaliação do seu portifólio ou melhor dizendo blogfólio...mais uma vez parabéns pela iniciativa ... uma sugestão de professora ... tente compreender o mundo que te cerca e nele as pessoas sem sofrimento pessoal, mas como um observador que fará a intervenção no momento propício... certa vez eu li que a diferença entre quem faz ciência e quem não faz é que o cientista pergunta sempre e as pessoas em geral possuem respostas prontas... acho que isso diz muito sobre tudo... faltou sua auto-avaliação ... pode mandar por email comum...

Adriana disse...

Quando me refiro a respostas prontas, estou dizendo entre outras coisas que uma sociedade, grupo, familia... se comporta, pensa, reage... conforme a estrutura social em que vive... aí entenda-se esta estrutura de maneira ampla, considerando a disputa de poder,de capital ...