sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Resenha Conversando Sobre Integralidade no SUS - Gastão Wagner

Resenha Palestra: A Gestão e o Trabalho em Saúde

Com Gastão Wagner -28 de agosto de 2007- Prédio 15 da PUCRS

A palestra, intitulado, "Conversando sobre Integralidade no SUS: o desafio da formação na perspectiva da inter/transdisciplinariedade", foi promovida pela Escola de Saúde Pública, através da Coordenação de Ensino e da Coordenação da RIS, trazendo como interlocutor o professor Dr. Gastão Wagner de Souza Campos. A atividade estava voltada na realidade para residentes de diversas intituições (Grupo Hospitalar Conceição, Escola de Saúde Pública, PUCRS) e alunos do Curso de Saúde Pública (ESP), mas graças ao convite das professoras pudemos participar.

E foi muito rico, à medida que, mesmo ignorando muitos dos assuntos que foram abordados, das discussões, dos problemas que foram discutidos, por justamente não estarmos dentro da realidade daqueles residentes, ou como o próprio Gastão comentou: “residentas”, afinal o público era predominantemente de mulheres; mesmo assim ganhamos quando abrimos nossas perspectivas em relação ao SUS.

Acredito que a explanação inicial sobre as origens do SUS e um breve panorama atual foi importante para me situar. Apesar de ter estudado um pouco sobre o SUS e lido outro pouco, muito foi acrescentado pela fala do professor. Foi uma perspectiva nova para mim, pensar que a nossa reforma sanitária começou tardiamente no Brasil, começando a ser implementada no auge do neoliberalismo e por isso sofrendo as várias conseqüências dos embates entre a proposta mais social do SUS e da realidade dos anos 90. Isso nos tranqüiliza quanto a cobrança por melhores resultados por parte do sistema de saúde, visto que seu crescimento foi desacelerado por forças antagonistas de mercado.

Me tocou muito a fala do Gastão, pelo seu otimismo, por colocar propostas para agir dentro do SUS, visando viabilizar os princípios de eqüidade, integralidade e universalidade. Novos conceitos agregados, como a intersetorialidade, que pode ser pensada em termos de melhorar o diálogo entre os setores, de modo que cada um traga a sua colaboração e não que hajam disputas de poder. Outro termo foi o de clínica ampliada, um conceito de Hegel que pretende que se unam os saberes da clínica biologicista, subjetivista e social. Há também a clínica compartilhada, em que a proposta é envolver o usuário no seu processo de cura, construindo conjuntamente o diagnóstico e a terapêutica do paciente.

Achei muito interessantes as experiências de metodologia relatada no ensino da graduação. Realmente, seria muito válido que aprendêssemos a identificar problemas e suas soluções em nível de saúde coletiva estando ligados a uma unidade de saúde, num processo crescente. Acho que esse tipo de experiência poderia vincular muito mais profissionais a proposta do SUS à medida que cria, através do vínculo com a comunidade a noção de responsabilidade social, porque aí há espaço para que se crie um significado trabalhar com atenção básica em saúde, mais do que um apenas saber sobre.

Um último ponto marcante desta experiência, que acredito ser para todos nós nutricionistas ao se pensar como profissionais de saúde, foi o conceito de INCLINAR-SE. Não podemos nos horizontalizar com o paciente, com sua família e nos tornarmos pura e simplesmente igual, pois na condição de paciente não temos as ferramentas que dispomos como nutricionistas. Também se verticalizar diante dele, tomando uma postura estritamente técnica não atende as necessidades. È necessário manter-se equilibrando ao inclinar-se, para assim garantir saúde, que é o nosso objetivo maior.

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